BRASÍLIA - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, quer dar um bônus em dinheiro para escolas da rede pública que atingirem metas de alfabetização de crianças com idade até 8 anos. A proposta fará parte do programa Alfabetização na Idade Certa, a ser lançado em breve. Outra prioridade, segundo o ministro revelou nesta segunda-feira, será aperfeiçoar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mudando a forma de correção das redações.
O GLOBO: É bom ser ministro da Educação?
ALOIZIO MERCADANTE: É um imenso desafio. Acho que o cargo público mais estratégico é a educação, em todos os níveis. Porque é o problema estrutural mais grave do Brasil e é a condição para que o país possa ascender à condição de país desenvolvido.
Das 6 mil creches prometidas pela presidente Dilma Rousseff até 2014, quantas estarão em funcionamento no prazo?
MERCADANTE: Depende da velocidade de construção das prefeituras. Não temos essa resposta hoje.
Pode ser que a presidente precise de mais um mandato, então, para cumprir a promessa?
MERCADANTE: Dissemos que teríamos seis mil creches em construção nesses próximos quatro anos (2011-2014). Como é o Minha Casa, Minha Vida: a casa fica pronta quando fica pronta, mas está contratada, está sendo construída. A performance das prefeituras está lenta para a velocidade que o governo federal quer.
Quais são os principais problemas da educação no Brasil?
MERCADANTE: O primeiro grande desafio educacional do Brasil, que vai ser uma das marcas e prioridades da nossa gestão, é alfabetizar na idade certa. Se a criança não está alfabetizada, não domina as primeiras contas, o futuro educacional está comprometido.
O que será feito?
MERCADANTE: Vamos lançar um programa, criar estímulos, estabelecer metas, avaliar o desempenho. Se você resolver isso, cria condições muito melhores para superar o analfabetismo funcional que está ao longo de toda a rede educacional hoje.
No que vai consistir o novo programa?
MERCADANTE: Desde monitores para acompanhar o processo de formação das escolas envolvidas até a formação continuada dos professores no processo de preparação para a alfabetização, material pedagógico estruturado, bônus para as escolas que performarem as metas estabelecidas. Estamos concluindo as discussões.
Bônus em dinheiro? MERCADANTE: Pode ser inclusive em dinheiro. É muito mais barato aprimorar as condições para as escolas alfabetizarem na idade certa do que tentar recuperar as crianças que não aprenderam a ler e escrever. Para o Estado brasileiro, é muito mais eficiente e econômico dar toda a contrapartida possível para resolver essa meta. Há dinheiro para isso? MERCADANTE: Se eu colocar menos (dinheiro no bônus) do que vou gastar com as crianças que vão ter repetência e aceleração, economicamente estou aumentando a eficiência do gasto público. Como o senhor vai saber se as crianças foram alfabetizadas? MERCADANTE: Avaliando. Vamos criar uma metodologia de avaliação pedagógica das crianças. O senhor anunciou a intenção de distribuir tablets a até 600 mil professores do ensino médio este ano, além de lousas digitais. MERCADANTE: O professor, com esse material, vai poder preparar a aula e expor o que encontrou na internet. Somos o terceiro país que mais vende computador no mundo. A cultura dessa nova geração do século 21 é digital. O professor é analógico, um imigrante digital. Você precisar dar, especialmente à população mais pobre, esse direito. Porque os outros já têm. O que o senhor pensa sobre o Enem? MERCADANTE: O Enem é muito importante para a educação brasileira. Basta olhar para qualquer país da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico): todos têm um instrumento semelhante. O Enem é um processo recente, portanto, sujeito a erros, mas houve uma melhora importante na logística. O MEC não tem culpa de o Brasil ser tão grande e tão diverso. O senhor pretende mexer no Enem? MERCADANTE: Um elemento que vai ter que ser aprimorado é a correção da redação. Como a correção da redação tem sempre uma certa subjetividade, precisamos criar procedimentos de rigor e critérios de correção que deem mais objetividade, que diminuam o desvio-padrão na correção. Como será feito isso? MERCADANTE: Temos várias propostas sendo analisadas. O senhor está pensando em aumentar o número de pessoas que avaliam cada redação? MERCADANTE: É uma das hipóteses. Hoje são dois avaliadores que leem cada texto e, em caso de disparidade, um terceiro entra em cena?
MERCADANTE: Isso mostrou que não é suficiente para o nível de exigência que o Enem precisa. Vamos aumentar o rigor e a convergência na análise para ter mais objetividade na redação, que é um dos pontos vulneráveis no sistema. Agora, o que é muito importante dizer para os alunos: continuem estudando, porque o que vale mesmo é estudar. O projeto de Plano Nacional de Educação enviado ao Congresso pelo governo prevê aumentar o investimento público em ensino para 7% do PIB, embora entidades do setor reivindiquem 10%. MERCADANTE: O que nós temos de novo para poder dar um salto: o pré-sal. Os royalties são para você preparar a economia pós-petróleo. Porque o pré-sal é uma energia não-renovável. As futuras gerações não terão acesso. O que podemos fazer era vincular pelo menos 30% dos recursos do pré-sal para educação, ciência e tecnologia. Municípios, estados e União. E fazer um grande pacto de que pelo menos durante uma década a prioridade vai ser investir em educação. Fonte: O GLOBO
Bônus em dinheiro? MERCADANTE: Pode ser inclusive em dinheiro. É muito mais barato aprimorar as condições para as escolas alfabetizarem na idade certa do que tentar recuperar as crianças que não aprenderam a ler e escrever. Para o Estado brasileiro, é muito mais eficiente e econômico dar toda a contrapartida possível para resolver essa meta. Há dinheiro para isso? MERCADANTE: Se eu colocar menos (dinheiro no bônus) do que vou gastar com as crianças que vão ter repetência e aceleração, economicamente estou aumentando a eficiência do gasto público. Como o senhor vai saber se as crianças foram alfabetizadas? MERCADANTE: Avaliando. Vamos criar uma metodologia de avaliação pedagógica das crianças. O senhor anunciou a intenção de distribuir tablets a até 600 mil professores do ensino médio este ano, além de lousas digitais. MERCADANTE: O professor, com esse material, vai poder preparar a aula e expor o que encontrou na internet. Somos o terceiro país que mais vende computador no mundo. A cultura dessa nova geração do século 21 é digital. O professor é analógico, um imigrante digital. Você precisar dar, especialmente à população mais pobre, esse direito. Porque os outros já têm. O que o senhor pensa sobre o Enem? MERCADANTE: O Enem é muito importante para a educação brasileira. Basta olhar para qualquer país da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico): todos têm um instrumento semelhante. O Enem é um processo recente, portanto, sujeito a erros, mas houve uma melhora importante na logística. O MEC não tem culpa de o Brasil ser tão grande e tão diverso. O senhor pretende mexer no Enem? MERCADANTE: Um elemento que vai ter que ser aprimorado é a correção da redação. Como a correção da redação tem sempre uma certa subjetividade, precisamos criar procedimentos de rigor e critérios de correção que deem mais objetividade, que diminuam o desvio-padrão na correção. Como será feito isso? MERCADANTE: Temos várias propostas sendo analisadas. O senhor está pensando em aumentar o número de pessoas que avaliam cada redação? MERCADANTE: É uma das hipóteses. Hoje são dois avaliadores que leem cada texto e, em caso de disparidade, um terceiro entra em cena?
MERCADANTE: Isso mostrou que não é suficiente para o nível de exigência que o Enem precisa. Vamos aumentar o rigor e a convergência na análise para ter mais objetividade na redação, que é um dos pontos vulneráveis no sistema. Agora, o que é muito importante dizer para os alunos: continuem estudando, porque o que vale mesmo é estudar. O projeto de Plano Nacional de Educação enviado ao Congresso pelo governo prevê aumentar o investimento público em ensino para 7% do PIB, embora entidades do setor reivindiquem 10%. MERCADANTE: O que nós temos de novo para poder dar um salto: o pré-sal. Os royalties são para você preparar a economia pós-petróleo. Porque o pré-sal é uma energia não-renovável. As futuras gerações não terão acesso. O que podemos fazer era vincular pelo menos 30% dos recursos do pré-sal para educação, ciência e tecnologia. Municípios, estados e União. E fazer um grande pacto de que pelo menos durante uma década a prioridade vai ser investir em educação. Fonte: O GLOBO
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